Nascimento: Mário Sérgio Pontes de Paiva nasceu no dia 07 de setembro de 1950 na cidade do Rio de Janeiro. Resumo histórico da Carreira do ...
Nascimento: Mário Sérgio Pontes de Paiva nasceu no dia 07 de setembro de 1950 na cidade do Rio de Janeiro.
Resumo histórico da Carreira do Jogador: Mário Sérgio era conhecido pela sua habilidade e criatividade dentro de campo. Recebeu o apelido de “Vesgo” pelo fato de olhar para um lado e dar o passe preciso para o companheiro do outro lado. Cabeludo e com um ar de rebelde, colheu elogios na mesma proporção em que recebeu muitas críticas. Dotado de um temperamento forte e língua afiada, não levava desaforos para casa. Tais atitudes foram prejudiciais à sua carreira de jogador de futebol.
Trajetória:
No Flamengo: Mário Sérgio começou no futsal do Fluminense, onde jogou por sete anos. Seu pai era sócio proprietário e frequentador do Clube das Laranjeiras. Aos 19 anos, foi levado por amigos para fazer teste no Flamengo, onde foi aprovado e incluído nas categorias de base. Os técnicos Modesto Bria e Jouber tiveram muito trabalho para tirar os vícios adquiridos no futsal: Mário era muito habilidoso e individualista, prendia muito a bola e era considerado “fominha”, não privilegiava o coletivo. Aos poucos foi se adaptando ao futebol de campo, ganhando espaço no time de aspirantes que fazia as preliminares dos jogos principais. Em 1970, foi campeão da categoria e conduzido à equipe profissional. Passou a ter uma convivência difícil com o técnico Yustrich , que tinha métodos rígidos de trabalhar, tratava seus comandados com mão de ferro, querendo controlá-los dentro e fora de campo e se envolvendo na vida particular dos atletas. Com Mário Sérgio não foi diferente. Yustrich não gostava dos cabelos longos e das roupas coloridas dele, que na época era o auge da curtição hyppy, coisa que o rigoroso técnico abominava. Em certa ocasião, Yustrich expulsou Mário Sérgio de um treinamento coletivo e determinou que o atleta não comentasse o incidente com a imprensa, dizendo o seguinte: “Tem um Clube em Salvador te querendo, não vai estragar o negócio”. Mário Sérgio respondeu em alto e bom tom: “Não vou. gosto do Rio e minha família mora aqui”. Yustrich, revoltado com a atitude do jogador, disse: “Então azar é o seu, porque você nunca mais vai ter chance comigo”. Já se anunciava que a trajetória de Mário Sérgio no Flamengo estava chegando ao fim. Um dia, durante um treino coletivo, já cansado das broncas do “Homão”, como era chamado Yustrich, Mário Sérgio recebeu a bola, fez uma série de embaixadinhas e deu um chutão para fora do campo de treinamento. Largou o treino e disse que no Flamengo não jogava mais. Ficou algum tempo na “geladeira”, treinando em separado, até ser negociado com o Vitória da Bahia.
No Vitória: Jogou quatro temporadas. Chegou em 1971 e no ano seguinte foi campeão baiano. No clube da boa terra, jogou no ataque formado por André Catimba e Osni, considerado o melhor trio atacante de todos os tempos na história do clube, segundo a Revista Placar. Em 1972, no 1º jogo da final do campeonato baiano, fez o único gol da partida contra o arquirrival Bahia. Após o jogo, Mário Sérgio fez a seguinte declaração: ”Se o Vitória vencer o próximo jogo, vou dar todo o meu material e sair de campo só de sunga. Só não saio nu porque complica”. O Vitória venceu o 2º jogo da decisão por 3 X 1. Sua passagem no Vitória foi brilhante. Tornou-se o rei da Bahia e caiu nas graças do torcedor baiano.
No Fluminense: Mário Sérgio chegou no time das Laranjeiras em 1975 para fazer parte da 1ª versão da “Máquina Tricolor”, jogando com Rivelino, Paulo César Caju, Gil e Edinho. Já no seu primeiro ano conquistou o título de campeão Carioca em cima do Botafogo. Sua permanência durou pouco. Teve divergências com o Presidente do Clube, Sr. Francisco Horta, e deixou o Fluminense.
No Botafogo: Jogou quatro temporadas no clube de General Severiano de 1976 a 1979. Fez parte do chamado “Time do Camburão”, apelido dado pelo Jornalista botafoguense Roberto Porto. O Jornalista justificava: “um time que tem Dé, Mário Sérgio, Renê, Perivaldo e Nilson Dias (...) todos (...) com a chave da cadeia”. Uma grave contusão no joelho deixou Mário Sérgio quatro meses em tratamento. Forçou um retorno prematuro aos gramados, o que prejudicou seus meniscos. Ficou parado por mais um ano. Ao retornar, o craque não tinha mais o mesmo ambiente no clube e acabou sendo negociado com o Rosário Central da Argentina.
No Rosário Central: Em função de ter deixado a esposa no Rio cursando Engenharia e pelo seu forte temperamento, jogando em um país onde o futebol é de muita pegada, abreviou sua passagem pelo clube argentino e voltou ao Brasil.
No Internacional: A sua contratação pelo Colorado Gaúcho deu-se a pedido de Falcão, que era o craque do time. Como Mario Sérgio tinha fama de temperamental e indisciplinado, sofria resistência da diretoria Colorada em contratá-lo. Falcão em entrevista, relembrado de sua argumentação para convencer os dirigentes a contratarem Mário Sérgio, comentou: “Eu lembro que eu disse que o Mário só faz confusão com pessoas que não o tratam bem, o desrespeitam e não cumprem o combinado com ele. Ele veio e foi de um comportamento exemplar. Puxava a fila nos treinos físicos”. No Inter, Mário Sérgio fez parte do time que conquistou o Campeonato Brasileiro de 1979 de forma invicta. No Beira Rio, jogou a final da Copa Libertadores da América de 1980 contra o Nacional do Uruguai.
No São Paulo: Chegou ao tricolor Paulista em 1981. No Clube São-paulino ganhou um apelido curioso, “Rei do Gatilho”. O São Paulo jogou contra o São José, clube do Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Na saída do estádio, a delegação foi hostilizada pelos torcedores locais. Mário Sérgio, querendo espantar os manifestantes, descarregou o pente de balas de seu revolver, dando tiros para o alto. No jogo seguinte contra o Palmeiras, realizado no estádio do Morumbi, quando foi anunciada a escalação oficial do time tricolor paulista, apareceu no placar: “Nº 11 - Mário Sérgio o rei do gatilho”. Mais tarde, o jogador afirmou que as balas eram de festim e se disse arrependido do ocorrido em São José dos Campos. Nesse jogo, mais de 30 mil torcedores viram o show do Mário Sérgio na goleada de 6 X 2 sobre o time esmeraldino, com 2 gols do nº 11. Mesmo tendo boas atuações, tinha dificuldades em se adaptar ao esquema tático imposto pelo técnico José Poy e acabou sendo transferido para a Ponte Preta.
Na Ponte Preta: Chegou em 1983 para integrar um time de medalhões montado pelo então Presidente da Ponte, Lauro de Morais. Mesmo jogando com craques do nível de Dica e Jorge Mendonça, seu talentoso futebol não brilhou da forma como era esperado pela Diretoria da Macaca. Em consequência, teve seu contrato reincidido.
No Grêmio: No final de 1983, quando o Grêmio se preparava para disputar o Mundial de Clubes no Japão contra o Hamburgo da Alemanha, o Técnico Valdir Espinosa solicitou a contratação de Mário Sérgio para aquela decisiva partida, alegando que o time necessitava de um jogador técnico, com habilidade para enfrentar os alemães. A cúpula gremista colocou resistência em trazer Mário Sérgio, pois o craque tinha fama de encrenqueiro, indisciplinado e de temperamento forte. Espinosa bancou a contratação do jogador com o seguinte argumento: “Eu o conheço, Joguei e morei com ele; reconheço sua qualidade extraordinária. Jogar contra alemão só com a força não adianta. Tem que ter técnica para contrapor. Precisamos de Mário Sérgio”. Mário teve um papel fundamental na conquista do título mundial pelo Grêmio. Ele ditou o ritmo da partida no tempo normal e na prorrogação. Foram 120 minutos de muita movimentação, fazendo lançamentos precisos, usando de toda sua habilidade para deixar os marcadores alemães desorientados. Mesmo fazendo uma partida irretocável contra o Hamburgo, ajudando o tricolor gaúcho a conquistar o titulo mais importante de sua história, ao regressar ao Brasil não teve o seu contrato prolongado.
De volta ao Internacional: Na abertura da temporada de 1984, Mário Sérgio participou do histórico Gre-Nal das faixas. Segundo suas próprias palavras: “na a hora de trocar as faixas, pensei: Poxa, alguém ai vai me vaiar, Gremista ou Colorado, não vai ter jeito. No final do jogo, eu, com a camisa do Inter e a faixa de Campeão do Mundo pelo Grêmio, acabei aplaudido pelas duas torcidas. Me emocionei barbaridade”.
Outros Clubes: Mário Sérgio ainda teve passagens pelo Palmeiras, Botafogo de Ribeirão Preto e Bellinzona na Suíça.
Encerramento da Carreira: No ano de 1987, ele já não jogava no mesmo ritmo de seus companheiros. Na 5ª rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano, jogando pelo Bahia, recebeu a camisa 10 do técnico Orlando Fantoni, entrou em campo e teve uma atuação extraordinária. No intervalo, correu para o vestiário antes de todo mundo, como protagonista da vitória de 1 X 0 sobre o Goiás. Conforme relato do jogador Bobô, ao chegar ao vestiário, ele viu Mário Sérgio perfumado e de roupa trocada. Antes de se ausentar do estádio, Mário fez um pronunciamento muito educado, agradeceu a todos e disse que não voltaria para o segundo tempo. Naquele momento, ele anunciou o final de sua carreira como jogador de futebol.
Curiosidades:
Mario Sérgio tinha uma paixão incondicional pelo “Turfe”, frequentava o Jockey Clube e fazia suas apostas, gosto que herdara de seu pai. Disse certa vez ao repórter Divino Fonseca da Revista Placar que “atletas são iguais a cavalos, têm que ser bem tratados para alcançar resultados desejados, só que cavalos aceitam freios, eu não”.
Recebeu a bola de prata 4 vezes: 1973, 1974, 1980 e 1981, por estar entre os melhores do Campeonato Brasileiro daqueles anos.
Começou a trabalhar como comentarista esportivo na TV Bandeirantes. Atualmente estava na Fox Esporte com contrato de trabalho vigorando até o término da Copa do Mundo de 2018, que acontecerá na Rússia.
Como Jogador:
Como Técnico:
Falecimento: Ocorreu no dia 28 de novembro de 2016, aos 66 anos, na queda do avião da empresa boliviana Lamia, próximo à cidade de Medellin na Colômbia. A bordo da aeronave, além de Mario Sérgio, estavam os tripulantes, jornalistas, dirigentes, comissão técnica e jogadores do time da Associação de Futebol Chapecoense, que iriam disputar a final da Copa Sul americana contra o Atlético Nacional de Medellin. Mário Sérgio fazia parte da equipe da Fox Esportes, que faria a cobertura jornalística do jogo. A aeronave tinha a bordo 71 pessoas e somente 06 sobreviveram, dentre eles 4 brasileiros: 1 jornalista e 3 jogadores da Chapecoense.
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