Fachada da Boate Kiss, em Santa Maria (RS): superlotação e falhas de segurança transformaram a casa noturna em um inferno - (crédito: Renan ...
Fachada da Boate Kiss, em Santa Maria (RS): superlotação e falhas de segurança transformaram a casa noturna em um inferno - (crédito: Renan Mattos/Esp.CB/D.A.Press)
Julgamento em Porto Alegre está marcado para 1° de dezembro e pode durar até 15 dias. Quatro réus serão julgados pela morte de 242 pessoas.
Passados quase nove anos, o Rio Grande do Sul e o país voltam a se deparar com a tragédia. O dia 1º de dezembro vem com a expectativa de um desfecho para o caso, aguardado pelos familiares das 242 vítimas e para os sobreviventes da tragédia. “É o último momento que a gente tem para gritar”, define Vanessa Vasconcellos, 32 anos. Ela é irmã de Letícia Vasconcellos, funcionária da Kiss. À época com 36 anos, Letícia não conseguiu escapar do incêndio.
O julgamento no Foro Central de Porto Alegre terá quatro réus e pode durar até 15 dias. Respondem às acusações os sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr (Kiko) e Mauro Londero Hoffmann; e os músicos Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos, integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava naquela noite. Eles serão julgados por um Conselho de Sentença, no Tribunal do Júri. Os réus responderão por homicídio simples (242 vezes consumado — pelo número de mortos —, e 636 vezes tentado — pelo número de feridos).
O caso da Boate Kiss foi considerado a segunda maior tragédia no Brasil em número de vítimas em um incêndio. Teve o maior número de mortos nos últimos 50 anos. É, ainda, o terceiro maior desastre em casas noturnas no mundo. Em uma série de reportagens, o Correio reconstitui essa história dolorosa, que deixou profundas cicatrizes em centenas de pessoas e marcou o Brasil.
O incêndio
Os extintores de incêndio estavam em número insuficiente e fora do prazo de validade. Não havia sinais luminosos que indicassem as saídas. Esse detalhe foi definitivo para que, no momento em que a luz se apagou por conta do incêndio, centenas de pessoas não fossem capazes de encontrar a saída.
Os sócios da boate, Elissandro e Mauro, e o vocalista do grupo, Marcelo, solicitaram a transferência de local do julgamento. Os advogados dos réus sustentaram que, caso o julgamento ocorresse em Santa Maria, haveria dúvidas quanto à parcialidade, por estarem na cidade em que ocorreu a tragédia.
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