A empresária chamada de louca, o marido e o prédio que desabou em Taguatinga - Fotos: Carlos Vieira / CB / DAPress. e arquivo pessoal A empr...
A empresária chamada de louca, o marido e o prédio que desabou em Taguatinga - Fotos: Carlos Vieira / CB / DAPress. e arquivo pessoal
A empresária Neila Lara Baragchum chegou a ser chamada de louca por ter acionado o Corpo de bombeiros e denunciado as rachaduras no prédio que desabou na última quinta, 6 em Taguatinga Sul – a meia hora de Brasília.
Agora, depois que o edifício ruiu, ela agradece por ter conseguido evitar a morte de mais de 50 famílias que viviam lá, a maioria de aluguel: “Deus me usou para que nenhuma vida fosse perdida”, disse a sobrevivente de desabamento em entrevista ao Correio Braziliense.
A empresária, que tinha um oficina no térreo do prédio, conta que sentiu uma sensação estranha ao notar rachaduras nas paredes, por isso ligou para o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) e alertou sobre a possibilidade de o edifício desabar a qualquer momento.
A loja onde funcionava a oficina mecânica dela e do marido, Rabib Baragchum, foi fundada por ele em 2001 e o imóvel era alugado.
Ela pressentiu que algo ruim ia acontecer
Na quarta-feira (5/1), um dia antes de o prédio desabar, Neila estava de cama em casa, em Samambaia Norte, por conta das fortes dores causadas por pedras nos rins e não foi trabalhar.
Na quinta-feira (6/1), no dia do desabamento, mesmo sentindo-se mal, a mulher decidiu acompanhar o marido. Por volta das 7h30, quando Rabib abriu a oficina, percebeu que pedaços de cimento caíram no chão.
“Senti um incômodo grande e falei para o meu marido que não queria ficar lá dentro para morrer com meu neto, pois Deus havia falado em meu coração que o prédio ia cair”, relata.
Rabib não acreditou nas palavras da mulher e disse que um prédio daquele não iria cair dessa forma tão rápido. O empresário, então, pediu para que Neila acionasse um transporte por aplicativo e voltasse para casa.
“Ela disse que não iria embora, que era minha esposa e que tinha que ficar comigo onde eu estivesse. Foi quando ela falou que iria chamar os bombeiros, e eu disse para fazer o que achasse melhor”, confessa Rabib.
Pedido de socorro
Por volta das 8h, Neila saiu da oficina e acionou o Corpo de Bombeiros.
“Disse que era urgente. Quando eles perceberam o desespero por meio da minha voz, entenderam a gravidade do assunto. Por volta das 11h30, eles chegaram e interditaram o prédio. Foi um sinal”, disse a empreendedora, que é evangélica.
Os militares fizeram uma avaliação no prédio e constataram inúmeras rachaduras.
A interdição
A Defesa Civil chegou em seguida e deu a ordem para que todos os moradores saíssem dos apartamentos imediatamente. Pouco tempo depois o prédio ruiu.
“Eu fiquei muito assustado e, ao mesmo tempo, arrependido por não ter dado ouvidos à minha esposa. Quando vi o prédio sendo evacuado, perguntei se eu poderia tirar um equipamento de um cliente de dentro da oficina, mas não deixaram e mandaram eu sair às pressas. Quando estávamos do lado de fora, apontei o dedo para mostrar uma rachadura ao técnico. Quando abaixei o braço, vi o prédio desmoronar”, lamenta Rabib.
“Nós perdemos tudo, mas o Senhor nos deu uma nova oportunidade. Foi isso que aconteceu com cada um”, desabafa Neila, emocionada.
De acordo com o CBMDF, segundos antes de a estrutura tombar, o prédio começou a ceder lentamente. Três pavimentos continuam inteiros, porém a situação é crítica, e pode acontecer outro desabamento a qualquer momento, segundo os militares.
Além dos órgãos fiscalizadores, cães farejadores foram acionados para realizarem varredura no local a fim de verificar se há alguma vítima que não tenha sido resgatada.
Animais nos escombros
Seu Francisco das Chagas chegou desesperado ao local à procura dos cachorros dele. Eles estão presos no apartamento desde quinta-feira, dia que o prédio desabou. Mas o homem garantiu que ração e água eles têm.
Agoniado para ver os animais e resgatá-los, Francisco passou o dia conversando com a Defesa Civil e com os bombeiros para tentar providenciar uma forma segura de retirar os pets.
“São três cadelas e um hamster que ainda estão lá dentro. Uma tem 14 anos, outra 11 anos e a outra 10. Elas são mais velhas porque eu adotei da rua. É ruim demais, parece que morreu alguém da família, minha vida são os meus cachorros. Todo mundo que me conhece sabe o amor que eu tenho por eles. Eu amo meus bichos. Tomara que eles consigam resgatar o quanto antes”, pediu Francisco.
Da redação com informações do Correio Braziliense e site Só notícia boa!
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