(crédito: Ed Alves/CB/D.A.Press) Boletim Epidemiológico aponta um aumento de 410% no número de casos da doença nos primeiros sete meses de...
Boletim Epidemiológico aponta um aumento de 410% no número de casos da doença nos primeiros sete meses de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado. Ceilândia foi a região administrativa com mais registros.
Com sintomas leves, essa é a segunda vez que Caroline contrai dengue este ano. "Eu fiquei com medo porque dizem que da segunda vez é pior, mas estou bem. Só tenho febre leve, dor no corpo e de cabeça", relata. Se comparadas as estatísticas deste ano com o mesmo período de 2021, os casos de dengue em Ceilândia aumentaram de 1.093 para 10,3 mil, um aumento de 849.3%.
De acordo com Adele Vasconcelos, médica intensivista do Hospital Santa Marta, o crescimento no número de casos se deve a um misto de fatores já esperado pelas autoridades da saúde. "A gente já vinha se preparando para essa onda junto com a Secretaria de Saúde reunindo todos os hospitais e os coordenadores de emergência, diretores de hospitais", explica.
Segundo a médica, dois dos fatores contribuíram para o aumento: o clima (ano muito chuvoso) e a questão da subnotificação. "A gente teve no período da pandemia de isolamento das pessoas dentro de casa, isso fez com que elas parassem de circular, fazendo com que as pessoas adoecessem menos, não só de dengue. E eu também acredito que os casos leves não foram procurar o hospital", explica.
Adele Vasconcelos enfatiza que o combate à dengue começa pela prevenção, com cuidados que a população deve estar atenta como, por exemplo, não ter água parada em casa. "É importante prevenir que os ovos não sejam depositados porque, no Brasil, o clima é muito favorável para a dengue. Então basta que fique chovendo bastante, ter um ano mais chuvoso, que a gente acaba tendo mais casos de dengue também", aponta.
Segundo a especialista, apesar de não ser uma doença com a taxa de letalidade alta, ainda causa impactos na sociedade. "Não tem tantas internações quanto covid, mas é uma doença com um potencial de letalidade, então a gente tem que se preocupar." Os cuidados são ingerir muita água e não deixar de procurar o hospital caso persista com febre alta mais de três a cinco dias. "É a hidratação que vai fazer você não desenvolver casos graves, a desidratação é o maior complicador da dengue."
A estudante Karen Josias de Souza, 21, chegou a ser internada por causa do quadro de desidratação. "Eu já estava desidratada quando peguei dengue, mas não tratei e fiquei bem mal com a dengue", relata a jovem que ficou três dias no hospital para se recuperar. "Foi um descuido meu e aí precisei ficar tomando soro. Não recomendo para ninguém essa sensação. Fiquei pior do que quando peguei covid-19", confessa.
Apesar do aumento no número de casos, a quantidade de mortes está estável neste ano, em relação a 2021. No ano passado, a SES-DF registrou 10 óbitos de dengue até o dia 13 de agosto. No mesmo período de 2022, a Secretaria notificou 11 mortes por complicações da doença.
A melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença. Para isso, é importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros.
10 regiões com mais casos em 2022
Fonte: Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES) da Semana Epidemiológica 32
Palavra de especialista
O aumento de casos de dengue no Distrito Federal se deve às chuvas de janeiro, fevereiro e março, o que se refletiu em águas paradas e, consequentemente, no maior número de pessoas acometidas pela doença.
Outro ponto a destacar foi o isolamento social durante o pico de transmissibilidade da covid-19. A pandemia diminuiu a locomoção das pessoas, deixando-as mais vulneráveis à dengue. Vale destacar o fator subnotificação, uma vez que a maior parte dos casos de dengue foi leve e fez com que os pacientes ficassem em casa. Os casos graves são raros, tanto que se tem um índice de mortalidade baixo. Tivemos também a telemedicina, que deu suporte ao paciente durante o período pandêmico. Nos casos com sintomas leves, esses pacientes não procuraram serviço hospitalar.
Por fim, a recomendação para evitar a doença continua no maior controle de combate ao vetor, no caso o mosquito Aedes aegypti. É necessário fazer uma profilaxia, evitando deixar água parada para que o mosquito não dissemine a doença. E, neste momento que vivemos, cabe buscar avaliação médica criteriosa, a fim de propor o melhor tratamento.
Adele Vasconcelos
Da redação com a Fonte: Ministério da Saúde
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