Uma Criança de 9 anos teve colado na mochila um bilhete em folha A4: "Colocou para causar impacto, expor desprezo", desabafa mãe. ...
Uma Criança de 9 anos teve colado na mochila um bilhete em folha A4: "Colocou para causar impacto, expor desprezo", desabafa mãe.
Uma criança autista, de 9 anos, foi exposta a uma situação vexatória no colégio onde estuda, no Distrito Federal. O menino teve colado, na parte de fora da mochila, um aviso – em uma folha de tamanho A4 – após esquecer de levar a agenda para a aula. O caso aconteceu na Escola Classe Jardim Botânico. O estudante voltou para casa no ônibus escolar, sendo constrangido pelos colegas durante todo o caminho. Após o caso, o garoto não quer mais frequentar as aulas.
“Para mim, isso foi a exposição do que a professora sente por ele. Como se ele fosse uma criança problemática, que estava cansando ela. Dentro da mochila, tinha um caderno e uma pasta, mas ela colocou [do lado de fora] para causar impacto, expor o desprezo que sente”, desabafa a mãe da criança. O nome dela não será exposto nesta reportagem para não identificar, indiretamente, a criança. O caso ocorreu no fim de agosto. No dia, o garoto estava mais nervoso antes de ir à escola, chorando e pedindo para ficar em casa. “Nessa correria, acabei esquecendo de colocar a agenda e o livro de matemática. Quando ele voltou para casa, falou: ‘Olha minha mochila. Por isso eu não queria ir para a escola, mamãe’”, conta.
O bilhete, colado com fita adesiva na mochila, dizia: “Preciso da agenda para me comunicar com a senhora”. Os contatos entre os pais e a escola já eram uma dificuldade antes, segundo a mãe. Ela conta que o filho havia reprovado no 3º ano do ensino fundamental, em 2021, sem que os professores tivessem alertado para a situação ou considerado fatos como as peculiaridades da criança e o período de pandemia.
Com o episódio do bilhete na mochila, o aluno não voltou a frequentar a escola e os pais tentam, ainda sem sucesso, uma transferência. “A gente tentou conversar, mas ele disse que não queria voltar para a escola. Começamos a conversar e ele foi falando sobre algumas situações, como a professora gritar com ele. Meu filho, agora, quer ficar perto o tempo todo. Pergunta se vai poder ter uma professora que ama ele, que abraça ele. Estamos em choque”, relata a mãe.
O caso chegou até o Conselho Tutelar do Jardim Botânico. Ao órgão, a professora negou qualquer perseguição e afirmou que se preocupava com a evolução pedagógica e o desenvolvimento afetivo e social da criança, mas se disse arrependida. A diretoria se dispôs a conversar com os pais e deu como opção a transferência para o turno matutino.
O Conselho avaliou o ato como uma ação de violência psicológica e aplicou advertência verbal. “Foi orientada a reunião com os pais para o ajuste de condutas em relação à comunicação, que percebe-se prejudicada, já que foram apresentadas versões contraditórias dos acontecimentos. Deverão definir os procedimentos pedagógicos a serem adotados, visto que trata-se de criança que recentemente recebeu laudo que exigirá as devidas adequações curriculares para o seu melhor desempenho escolar”, traz o relatório da conselheira.
Os pais também registraram boletim de ocorrência virtual e acionaram a ouvidoria da Secretaria de Educação. Em nota à reportagem, a pasta afirmou que repudia “qualquer tipo de ação discriminatória que gere exposição e humilhação aos estudantes e suas famílias”.
“A comunicação entre família e escola deve sempre pautar-se no respeito e empatia. A situação está sendo apurada para adoção de medidas pertinentes. Cabe ressaltar que a professora foi advertida pela escola e pelo Conselho Tutelar e reconheceu o erro”, afirmaram.
A Secretaria de Educação informou ainda que, ainda nesse semestre, serão realizadas novas ações para orientação dos gestores das Coordenações Regionais de Ensino e unidades escolares quanto ao atendimento e acolhimento de estudantes com deficiência e Transtorno do Espectro Autista.
Da redação com a fonte do Metrópoles
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