O Primeiro boletim epidemiológico de 2024 aponta crescimento de 207% nos casos da doença, com registro de 2.054 ocorrências prováveis. Preve...
O Primeiro boletim epidemiológico de 2024 aponta crescimento de 207% nos casos da doença, com registro de 2.054 ocorrências prováveis. Prevenção segue como principal forma de combater o mosquito.
A Secretaria de Saúde (SES-DF) ampliou o combate à dengue no Distrito Federal. Enquanto unidades da rede estão preparadas para receber pessoas com sintomas, equipes da Vigilância Ambiental percorrem diariamente o território da capital para reduzir a infestação do Aedes aegypti, transmissor da doença. Gestores da pasta, contudo, garantem ser imprescindível o engajamento da população nessa luta contra o mosquito, que chegou com força neste ano. Segundo dados do primeiro boletim epidemiológico de 2024, foram notificados 2.054 casos prováveis de dengue entre os dias 31 de dezembro e 6 de janeiro – um aumento de 207% quando comparado com o mesmo período de 2023 (669 casos).
“Pedimos que a população esteja ativa, olhando seus quintais, jardins, garagens, identificando todos os locais que possam ter larvas ou ser criadouros de mosquito. Mais de 90% das larvas são encontradas nas residências”, afirma a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio.
A proposta é que cada família dedique cerca de dez minutos, semanalmente, para identificar todos os recipientes que possam acumular água e servir à proliferação do Aedes aegypti: baldes, potes, pingadeiras, garrafas, tonéis, vasos, calhas, entre outros. “Essa verificação durante a semana colabora, e muito, com o nosso trabalho”, acrescenta o diretor de Vigilância Ambiental do DF, Jadir Costa Filho.
Aumento de casos e atendimento
O boletim epidemiológico deste ano, que monitora casos de dengue no DF, revelou que as maiores incidências estão em Ceilândia (172,66 casos para cada 100 mil habitantes), Varjão (142,5 casos por 100 mil habitantes) e Brazlândia (135,31 por 100 mil). Porém, todas as áreas do DF registraram moradores com casos prováveis.
Os principais sintomas são febre alta (acima de 38 graus); dor no corpo e articulações; dor atrás dos olhos; mal-estar; falta de apetite; dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo. A orientação, nesse estágio, é procurar uma das 176 unidades básicas de saúde (UBSs), inclusive com atendimento noturno e aos sábados, onde as equipes estão preparadas para fazer o acolhimento dos usuários e oferecer a hidratação calculada conforme o peso. Também é indicado o repouso absoluto, pois não há um remédio específico para a doença. Na maioria dos casos leves, a dengue tem cura espontânea após dez dias.
O secretário-adjunto de Assistência à Saúde do DF, Luciano Agrizzi, destaca que toda a rede da SES-DF foi orientada a reforçar a capacidade de atendimento para acolher os pacientes. Além disso, foram tomadas medidas como ampliação dos estoques de insumos, do número de leitos de hidratação e fortalecimento da capacidade de direcionar os usuários a unidades de pronto atendimento (UPAs) e hospitais em casos de agravamento. “A SES-DF está preparada para receber e conduzir da melhor forma possível as ocorrências que são atendidas”, assegura.
Mulheres grávidas, crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas como asma brônquica, diabetes mellitus, anemia falciforme e hipertensão, além de infecções prévias, têm mais chances de desenvolver complicações. É quando surgem sinais de alarme, como dores fortes na barriga; vômitos persistentes; sangramentos no nariz, boca ou fezes; tonturas e/ou muito cansaço. Já a dengue grave se caracteriza por extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque e até ao óbito. Nessas situações, há equipes preparadas nos hospitais da SES-DF para internação e tratamento.
O alerta também está na automedicação, que deve ser evitada mesmo em casos leves. Isso porque alguns remédios podem levar à piora do quadro. É o caso dos salicilatos (AAS, por exemplo) e dos anti-inflamatórios não hormonais – cetoprofeno, ibuprofeno, diclofenaco, nimesulida e outros. Medicamentos com potencial hemorrágico também não devem ser utilizados.
Combate diário
Todos os dias, cerca de 800 profissionais do 15 núcleos de Vigilância Ambiental fazem visitas a imóveis em busca do Aedes aegypti. Eles atuam na inspeção, verificação e eliminação de possíveis criadouros. Além de residências, são verificados terrenos abandonados, borracharias, floriculturas e outros espaços considerados de risco para a proliferação.
A Vigilância Ambiental também iniciou as visitas aos sábados. “Para aumentar a eficiência dessas inspeções, vamos fazer essa ampliação e ir até as residências que ficam fechadas porque seus moradores trabalham durante toda a semana, por exemplo”, explica Costa Filho. Caso ainda assim não seja possível ingressar nos imóveis, outros órgãos do governo do Distrito Federal (GDF) são acionados para avaliar a situação, como espaços abandonados ou pessoas com hábito de acumulação, dentre outras possibilidades.
Há, ainda, o pedido para não haver a recusa em abrir a porta. “Aceite a visita do agente de vigilância dentro da sua residência. Eles estão identificados com o colete e o crachá”, completa o diretor.
Uso do “fumacê”
Os 38 veículos utilizados para a aplicação do inseticida de ultra baixo volume (UBV) pesado, popularmente conhecido como fumacê, atuam em áreas apontadas como estratégicas, de acordo com os dados de infestação. Porém, a aplicação ocorre apenas entre as 4h e 6h da manhã e às 17h e 19h, horários em que os mosquitos fêmeas voam em busca de sangue para a maturação de seus ovos.
Nesse tipo de enfrentamento, a população também desempenha um papel importante: quando o veículo se aproximar, a orientação é deixar aberto o máximo de portas e janelas dos imóveis, de modo a permitir a entrada do produto.
Dentre as estratégias para combater a dengue, porém, o fumacê é o que apresenta mais restrições. Nesta época do ano, os veículos não podem circular quando há chuva, mesmo que fina, pois o inseticida rapidamente seria levado pela água ao invés de ficar no ar. Além disso, a aplicação não pode ser ampla para não haver o risco de os mosquitos se adaptarem ao produto, ficando imunes. “O trabalho do fumacê é uma última etapa dentro do nosso trabalho, sendo criteriosamente e tecnicamente estudado em qual região vai circular justamente para evitar uma possível resistência”, explica Costa Filho.
Da redação com informações da Secretaria de Saúde
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