Paciente do Hospital das Clínicas é a primeira no Brasil a receber esse tipo de transfusão – concentrado de plaquetas patógeno inativado res...
Paciente do Hospital das Clínicas é a primeira no Brasil a receber esse tipo de transfusão – concentrado de plaquetas patógeno inativado ressuspensas em solução aditiva - que reduz riscos e aumenta a segurança do procedimento.
No dia 24 de setembro deste ano, uma paciente do sexo feminino, de 45 anos, portadora de Leucemia Mieloide Aguda e que faz tratamento no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), filial EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), apresentou uma reação alérgica grave à transfusão de plaquetas. Esta paciente, Gilda Maria da Silva Lopes Avelar, havia recebido tratamento com quimioterapia e, por isso, estava com a contagem de plaquetas no sangue muito baixa. Além disso, ela havia sido submetida a um pequeno procedimento cirúrgico no nariz e estava com sangramento no local. Sendo assim, ela certamente teria indicação de receber outras doses de plaquetas.
A fim de se evitar novas reações alérgicas graves, esta paciente precisava receber um concentrado de plaquetas modificado, pobre em proteínas do plasma, que está presente nas bolsas de plaquetas.
Segundo esclarecem as médicas Karen Prata e Flávia Givisiez, existem três modificações possíveis para se reduzir o plasma das plaquetas: a) lavagem (plaquetas lavadas); b) remoção do excedente de plasma por centrifugação (plaquetas plasma reduzido); c) produção de plaquetas pobre em plasma, ressuspensas em uma solução específica, chamada de solução aditiva de plaquetas (PAS, do inglês Platelet Aditive Solution), que contém os nutrientes necessários para manter as plaquetas adequadas para uso clínico (plaquetas ressuspensas em PAS).
As duas primeiras técnicas são laboriosas, requerem centrifugação, o que causa alguns prejuízos às plaquetas e, além disso, necessitam ser preparadas imediatamente antes do uso, tendo validade muito curta (apenas 4 e 6 horas, respectivamente). Todas estas particularidades das técnicas de lavagem e de remoção de plasma impossibilitam a transfusão destas plaquetas em situação de emergência e no período noturno.
Por outro lado, a terceira técnica (concentrado de plaquetas ressuspenso em PAS) é um hemocomponente que já é preparado com apenas 30% do volume inicial de plasma. O restante do volume do produto (70%) é de PAS, que é adicionado no momento do preparo do concentrado de plaquetas. Sendo assim, é possível ter o produto em estoque, pronto para uso, sem redução da data de validade. Além disso, este produto tem uma qualidade muito superior aos dois primeiros.
Testes na Hemominas
A médica Flávia Givisiez relata que a Fundação HEMOMINAS (FH) tem buscado melhorias no preparo de hemocomponentes, para atendimento à população. Devido a esta busca incessante, foi implantada a metodologia de inativação de patógenos em dezembro/2020 e, atualmente, 55% das plaquetas da FH são inativadas, reduzindo enormemente o risco infeccioso para os pacientes.
Atenta às inovações disponíveis no mundo, ano passado a Gerência de Controle de Qualidade da FH planejou a introdução da solução aditiva de plaquetas (PAS) na rotina. Uma equipe da Hemominas, composta por todos os funcionários da Gerência de Controle de Qualidade e da Central de Produção de BH e seus supervisores - Gabriela Coelho Rezende, Ana Paula de Morais e Alessandro Ferreira - foi responsável pelos testes de validação desta inovação.
Cientes que a Fundação Hemominas estava na fase final dos testes com este novo produto, a hematologista Karen Prata, da Agência Transfusional do HC-UFMG, conversou com a equipe da Fundação que prontamente atendeu à solicitação e se disponibilizou a preparar este hemocomponente para tratamento específico desta paciente e, desta forma, evitar nova reação alérgica grave. A transfusão foi realizada no HC no dia 30/09 e, assim, Gilda Maria se tornou a primeira paciente no estado de Minas Gerais a se beneficiar com esta nova técnica (plaquetas ressuspensas em PAS). A transfusão ocorreu sem intercorrências e a paciente apresentou incremento de plaquetas pós-transfusional adequado.
Adicionalmente, esta é a primeira transfusão no Brasil de concentrado de plaquetas com inativação de patógenos e ressuspenso em PAS, duas metodologias da produção que visam reduzir riscos, aumentando a segurança daqueles que necessitam de transfusão. No último fim de semana, no sábado e domingo de novembro/2024 (dias 1º e 2), a paciente Gilda Maria recebeu nova transfusão, que transcorreu normalmente.
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