Ferramenta qualifica cuidado na Atenção Primária, com orientação de especialistas e redução de encaminhamentos. Minas Gerais avança na integ...
Ferramenta qualifica cuidado na Atenção Primária, com orientação de especialistas e redução de encaminhamentos.
Minas Gerais avança na integração entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e a Atenção Especializada (AE), com o Programa de Teleconsultoria Clínica, que oferece orientações para o manejo de casos, otimizando os serviços e reduzindo os encaminhamentos.
Desde julho de 2024, 149 municípios já estão utilizando a teleconsultoria na rotina das Unidades Básicas de Saúde. O programa está sendo implementado em fases, com duração total de 12 meses.
A primeira fase abrange oito macrorregiões, priorizadas por critérios epidemiológicos e sanitários: Centro, Jequitinhonha, Norte, Noroeste, Nordeste, Leste, Leste do Sul e Oeste.
A incorporação das teleconsultorias ao fluxo de atendimento ambulatorial especializado no estado é coordenada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e financiada pelo Ministério da Saúde. O programa é executado pelos Núcleos de Telessaúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pelo Hospital das Clínicas (HC) da UFMG e pela Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma).
“Nosso grande esforço é sensibilizar os municípios da importância dessa tecnologia e seu uso, para que compreendam o quanto é vantajoso para o profissional que a utiliza, e como isso retorna no cuidado com o usuário”, explica a diretora de Políticas de Atenção Primária em Saúde da SES-MG, Cristina Coelho.
"Para que os profissionais da APS conheçam e utilizem todo o potencial da ferramenta, estamos prevendo para o mês de dezembro o Webinário Teleconsultoria na Saúde de Minas Gerais", anuncia.
Integração entre a atenção primária e a especializada
As teleconsultorias são realizadas em plataformas virtuais, onde profissionais da Atenção Primária à Saúde podem enviar dúvidas clínicas para teleconsultores especializados. O prazo de resposta é de até 72 horas, com a possibilidade de envio de novas informações ou dúvidas após a resposta inicial.
Antônio Guedes, médico dermatologista e teleconsultor pelo núcleo da UFMG e pelo HC, destaca que o recurso facilita tanto para os pacientes quanto para os profissionais.
“Quando há dúvidas na área de dermatologia, por exemplo, os profissionais encaminham fotos e informações detalhadas sobre o caso para o Núcleo de Teleconsultoria e eu respondo diretamente ao solicitante”, explica.
Maria Clara Lima, médica da Atenção Primária à Saúde, que trabalha em Belo Horizonte, aprovou a iniciativa.
“Poder discutir os casos com outro médico e tornar mais eficiente o encaminhamento dos pacientes qualifica não só a resolução dos casos, mas também o meu trabalho”, ressalta.
A enfermeira Izabela Figueiredo, que atua na Estratégia Saúde da Família (ESF) no município de Alvinópolis, aderiu à teleconsultoria desde setembro.
“Por meio do programa, consigo aprimorar o cuidado, pautada em orientações de médicos especializados. O recurso facilita o acesso a especialistas, impactando até na redução do deslocamento dos pacientes para outras cidades”, destaca.
Também médica da APS, em Salinas, Josiane Baleeiro, conta sua experiência com o programa.
“Encaminhei o caso de um paciente idoso, portador de diabetes e hipertensão arterial, apresentando proteinúria significativa, com exames laboratoriais e de imagem alterados. O caso foi enviado, analisado e discutido com a equipe especializada, e conduzido de forma satisfatória aqui na atenção primária à saúde”, detalha.
“É uma ferramenta importante que acelera o atendimento do paciente da saúde pública, aumentando a resolubilidade da atenção básica e a otimização do compartilhamento do cuidado”, analisa a médica.
Avaliação
Segundo o primeiro monitoramento quadrimestral do Programa de Teleconsultoria Clínica, realizado em setembro, o manejo clínico foi resolvido na própria APS em 86,81% dos casos, evitando encaminhamentos para a AE e qualificando o atendimento ao usuário.
No período entre julho e setembro, foram realizadas 517 teleconsultorias em 24 municípios, com uma média de satisfação de 4,91 (em uma escala de 5) entre os profissionais que utilizaram o recurso.
Nenhum comentário