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Com a participação de 250 profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros que integram equipes de atenção primária de 54 municípios, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) Regional de Montes Claros, realizou na terça-feira, 5/2, uma capacitação com enfoque na coqueluche. O encontro, realizado por videoconferência, foi conduzido pelo médico e professor universitário, Mariano Fagundes Neto, e abordou o reforço da vigilância, o diagnóstico precoce, a notificação e o tratamento da doença, com o objetivo de conter a sua disseminação e, com isso, evitar a ocorrência de surtos.
Entre novembro de 2024 e janeiro deste ano, foram notificados 41 casos prováveis de coqueluche na área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros. Oito casos estão em investigação e treze foram confirmados nas seguintes localidades: Montes Claros (9); Francisco Sá, Botumirim, Francisco Dumont e Bocaiúva (um caso notificado em cada localidade).
Na abertura da capacitação a coordenadora do Cievs Regional de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, destacou que “diante do cenário epidemiológico da coqueluche no Norte de Minas, a atualização dos profissionais que trabalham em serviços de Atenção Primária à Saúde é de fundamental importância no sentido de agilizar o diagnóstico e, com isso, conter o avanço da doença que tem alta transmissibilidade”.
Mariano Fagundes observou que “o contexto epidemiológico atual é favorável para a coqueluche. Por isso, crianças menores de 6 meses de idade merecem atenção especial ao serem atendidas nos serviços de saúde com sintomas da doença, bem como bebês prematuros e pessoas com doenças crônicas (cardíacas, pulmonares e neurológicas), por terem maior possibilidade de evoluir para situações de saúde mais graves”, reforçou o médico.
Para conter o aumento de casos e a ocorrência de surto de coqueluche, Mariano Fagundes frisou que a vacinação de crianças e gestantes é o meio mais eficaz. As pessoas que também já tomaram a vacina há dez anos ou mais, também devem ser vacinadas novamente, para reforçar o sistema imunológico contra a doença.
![Foto: Pedro Ricardo](https://saude.mg.gov.br/images/1_noticias/04_2025/4-jan-fev-mar/6-2-25-SRSMocCoqueluche.jpg)
Ainda durante a capacitação, Maria Regina de Oliveira Morais, referência técnica da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS de Montes Claros, lembrou que “todos os serviços de saúde precisam ficar em alerta frente a quaisquer casos suspeitos de coqueluche, e que deverão ser notificados ao CIEVS em até 24 horas, com início imediato de investigação”.
Sintomas
Casos suspeitos de coqueluche compreendem toda criança com menos de 6 meses de idade, independentemente do estado vacinal, que apresente tosse de qualquer tipo há dez dias ou mais, associada a um ou mais dos seguintes sintomas: tosse paroxística (violenta e incontrolável); tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e curtas (cinco a dez), em uma única expiração; guincho inspiratório; vômitos pós-tosse; cianose (coloração azulada na pele); apneia e engasgo.
Em pessoas com idade igual ou superior a seis meses, independente do estado vacinal, a coqueluche pode ser considerada caso suspeito quando ocorre tosse de qualquer tipo há 14 dias ou mais, associada a tosse paroxística; guincho inspiratório e vômitos pós-tosse.
Transmissão
Maria Regina Morais, observa que a transmissão da coqueluche ocorre, principalmente, pelo contato com a pessoa doente, por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. Em alguns casos a transmissão pode ocorrer por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes. Isso é pouco frequente, porque é difícil o agente causador da doença sobreviver fora do corpo humano, mas não é impossível. O tempo que os sintomas começam a aparecer desde o momento da infecção é de, em média, de cinco a dez dias, podendo variar de quatro a 21 dias e, raramente, até 42 dias.
A coqueluche evolui em três fases sucessivas: a primeira é a catarral que começa como um resfriado comum, com sintomas leves como febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Gradualmente, o quadro vai evoluindo para crises de tosse mais intensa.
Na segunda fase a doença evolui para tosse intensa (paroxística). Geralmente não há manifestação de febre ou ela acontece de forma leve. Mas, em alguns casos ocorrem vários picos de febre no decorrer do dia. A tosse se torna muito forte e incontrolável, com crises súbitas e rápidas que podem causar vômitos. Durante essas crises a pessoa pode ter dificuldade para inspirar, apresentar rosto vermelho (congestão facial) ou azulado (cianose) e, às vezes, fazer um som agudo ao inspirar (guincho). Essa fase pode durar de duas a seis semanas.
A terceira fase compreende a recuperação do paciente, com diminuição da tosse em frequência e intensidade, mas que pode persistir por duas a seis semanas ou por até três meses. Infecções respiratórias de outra natureza, durante essa fase, podem fazer a tosse intensa voltar temporariamente.
Bebês menores de 1 ano, principalmente aqueles com até 6 meses, são mais propensos a formas graves da doença, muitas vezes letais, que podem incluir crises de tosse, dificuldade para respirar, sudorese e vômitos. Também pode ocorrer episódios de apneia, parada respiratória, convulsões e desidratação, decorrentes dos episódios repetidos de vômitos. O cuidado adequado desses bebês exige hospitalização, isolamento, vigilância permanente e procedimentos especializados.
Pessoas com condições clínicas pré-existentes (imunocomprometidas, com asma moderada ou grave e outras pessoas em condições semelhantes) também devem ter atenção especial.
Diagnóstico
O diagnóstico da coqueluche em estágios iniciais é difícil, uma vez que os sintomas podem parecer com os de resfriados ou até mesmo outras doenças respiratórias. A tosse seca é um forte indicativo da coqueluche, mas para confirmar o diagnóstico o médico pode pedir os seguintes exames: coleta de material de nasofaringe para cultura; PCR em tempo real. Como exames complementares podem ser realizados hemograma e raio-x de tórax.
O diagnóstico laboratorial é realizado em Minas Gerais pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), sediada em Belo Horizonte.
Vacinação
Crianças a partir de 2 meses de idade devem tomar, no mínimo, três doses de vacina pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, meningite e hepatite B), com reforço aos 15 meses e um segundo reforço aos 4 anos.
Gestantes devem tomar uma dose do tipo adulto contra a coqueluche (dTpa) a partir da vigésima semana a cada gestação.
No ano passado o Programa Nacional de Imunizações (PNI) ampliou a indicação de uso da vacina dTpa, em caráter excepcional, para trabalhadores da saúde que atuam nos serviços públicos e privados, ambulatorial e hospitalar, com atendimento em ginecologia e obstetrícia; parto e pós-parto imediato, incluindo as casas de parto; Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e unidades de cuidados intensivos neonatal convencional e canguru; berçários; pediatria; profissionais que atuam como doulas (acompanhando a gestante durante o período de gravidez, parto e pós-parto); e trabalhadores que atuam em berçários e creches, com atendimento de crianças até 4 anos de idade.
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