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Espinosa e Porteirinha recebem programação especial no mês que reforça o enfrentamento à doença de Chagas

Com atividades iniciadas no dia 14/4 e que prosseguirão até o final do mês, os municípios norte-mineiros de Espinosa e Porteirinha estão sed...


Com atividades iniciadas no dia 14/4 e que prosseguirão até o final do mês, os municípios norte-mineiros de Espinosa e Porteirinha estão sediando a programação do Projeto IntegraChagas Brasil, coordenado pelo Ministério da Saúde (MS) por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 

As ações contam com a participação dos coordenadores do projeto, Eliana Amorim e Alberto Novaes e incluem a realização de uma oficina para a formação de educação e comunicação em saúde, visando realçar o Dia Municipal e o Dia Mundial da Doença de Chagas, registrado no dia 14/4. 

A oficina reúne profissionais de saúde, lideranças sociais, educadores e gestores de Espinosa e Porteirinha que estão entre as cinco localidades selecionadas pelo Ministério da Saúde para ampliar as ações de prevenção e controle da doença; facilitar o acesso ao diagnóstico e estabelecer linhas de cuidado para pessoas acometidas pelo agravo. 

Segundo Eliana Amorim, os municípios de Espinosa e Porteirinha foram escolhidos para a implementação do IntegraChagas Brasil pelo fato de que dados do Ministério da Saúde apontam para o alto risco de vulnerabilidade para a doença de Chagas na região onde estão situados. “Desde a implementação do IntegraChagas Brasil em Espinosa, por exemplo, o número de casos confirmados da doença saltou de 78, em 2023, para mais de 350 em 2024. Um aumento de mais de 300% nas notificações”, pontua a coordenadora.

Além de Minas Gerais, o Projeto IntegraChagas está sendo implementado em Iguaracy (Pernambuco); São Luís de Montes Belos (Goiás) e São Desidério (Bahia).

Paralelo à oficina de educação e comunicação em saúde, as ações que estão sendo executadas neste mês no Norte de Minas envolvem a mobilização social e o lançamento do Boletim Epidemiológico sobre Doença de Chagas. O documento apresenta uma síntese de indicadores sociodemográficos e econômicos, considerados essenciais para a compreensão da forma como a doença de Chagas se apresenta como problema de saúde pública nos municípios. 

O documento também apresenta dados relacionados às testagens para rastreio da doença de Chagas realizadas nos municípios. 

Eliana Amorim, Nilce Fagundes e Alberto Novaes

“Desde abril de 2024 mais de dez mil testes foram feitos graças à intensa mobilização popular e às ações das equipes de saúde em todas as localidades dessas cidades. As informações apresentadas pretendem fundamentar o processo de planejamento, monitoramento e avaliação das ações no Sistema Único de Saúde (SUS), com foco nas pessoas acometidas pela doença”, explica o coordenador Alberto Novaes.

O processo de elaboração do Boletim Epidemiológico foi definido pelas secretarias municipais de saúde e conduzido pelas equipes de coordenação da vigilância e de atenção à saúde, com apoio da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros. O trabalho integra as atividades do projeto “Acesso à Detecção e Tratamento da Doença de Chagas no Âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil – IntegraChagas Brasil”.

Programação

A oficina sobre educação e comunicação para a doença de Chagas discute a educação e a vigilância popular em saúde, com a realização de roda de conversa sobre como construir ações em saúde. Também é realizado um momento para validação de caderno didático sobre doença de Chagas, desenvolvido para o Projeto IntegraChagas Brasil.

O processo formativo conta com a participação do professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), José Carlos da Silva, e das pesquisadoras do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas Gerais) Lileia Gonçalves Diotaiuti e Raquel Ferreira.

Entre os temas abordados estão: avanços e desafios para o enfrentamento à doença de Chagas; conhecendo a educação e a vigilância popular em saúde; o que se pode fazer e como fazer para o enfrentamento à doença de Chagas e a escola como nucleadora da ação comunitária.

As ações de testagem seguem durante todo o mês de abril e ao longo de 2025. O teste rápido para rastreio da doença de Chagas em Espinosa e Porteirinha é um mecanismo simples, rápido e gratuito para ajudar no acesso ao diagnóstico da doença. O resultado sai em 15 minutos.

Exposição IntegraChagas em Espinosa

Perspectiva

A referência técnica das coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da SRS Montes Claros, Nilce Almeida Fagundes, que acompanha o Projeto IntegraChagas no Norte de Minas, entende que “as ações que estão sendo realizadas em Espinosa e Porteirinha vêm mais uma vez dar visibilidade a uma doença negligenciada”.

Com a proposta de educar para integrar, a referência técnica avalia que “o projeto traz uma importante perspectiva na formação de educação e comunicação em saúde para doença de Chagas e, pelo fato de envolver público diversificado, entre eles lideranças comunitárias, membros de conselhos municipais de saúde, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), profissionais da saúde e da educação, a iniciativa reforça uma estratégia importante para que as ações de prevenção e controle da doença sejam retomadas a passos mais largos e de forma consistente. Isso tanto no que se refere à educação em saúde, diagnóstico, tratamento, acompanhamento e entomologia para que a população, até então esquecida e negligenciada, seja reconhecida, acolhida e fortalecida”, conclui Nilce Fagundes.

A doença

Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros, explica que, assim como outras doenças negligenciadas, Chagas está associada às condições de vida em vulnerabilidade.

“Trata-se de uma das doenças tropicais negligenciadas mais silenciadas. Estima-se que, no mundo, entre 6 e 8 milhões de pessoas têm a doença e mais de 75 milhões moram em áreas de risco de transmissão”, explicou a coordenadora.

Estimativa da Fiocruz aponta que, aproximadamente, 12 mil pessoas morrem anualmente por causa de Chagas em todo o mundo. Desse total, cerca de oito mil óbitos têm como vítimas bebês que se infectaram durante a gravidez ou no parto.

Diante da grandeza dos números do cenário epidemiológico, com elevada carga de doença e morte, Agna Menezes ressaltou que a doença precisa de permanente atenção por parte do poder público, incluindo o reforço e integração das ações de vigilância epidemiológica e de saúde com os serviços municipais de atenção primária e especializada.

Pedro Ricardo / Fotos: Ascom IntegraChagas Brasil

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